terça-feira, 1 de junho de 2010

BLACK ORCHID



Black Orchid, um perfume que celebro como aqueles que tocam a pele e depois a alma. Diria que foi como receber um bouquet de orquídeas negras que foram desabrochando a cada fase do perfume, de forma bem lúdica. Tom Ford e seu talento nato, comparado a um Serge Lutens americano, foi audacioso em seu perfume misturando diversas notas que conseguiram criar uma sinfonia encantadora, vencendo as barreiras de desenvolver um mix de apelo dark e misterioso e ao mesmo tempo luminoso e esclarecedor. De forma rara, concebeu uma fragrância que nos leva a uma viagem olfativa, onde o primeiro passo é não saber por onde ir mas ao mesmo tempo estar seguro de que o caminho será fascinante. Como uma cegueira temporária que excita; como estar de olhos vendados embriagados por uma escuridão que, contraditoriamente, clama por uma luz reveladora. Foi exatamente desta forma que me senti; após a primeira borrifada, aromas se tornaram sabores: o azedo da bergamota e o doce da provável trufa negra se equilibraram com uma cremosidade amadeirada e um toque de patchouli. De forma inédita, um cítrico cremoso que se altera com o adocicado de acordes florais e frutais foi lançado no mercado. Este perfume teve seu début para tocar o corpo com nuances que fluem deliciosamente para a alma, como uma noite estrelada com jardins de orquídeas negras e um drink cremoso e cítrico ao lado. Um aroma que alcança o efeito hipnótico ao acalentar a pele com a baunilha misturada em pétalas doces, quase comestíveis com um delicioso perfume gourmand que mantém o frescor do dia, o calor da noite. A base abaunilhada chypre une o desabrochar desta orquídea com a vivacidade da flor já aberta, unindo o aroma trufado do início, que lembra chocolate recheado um licor cremoso, cítrico e azedo com a base final coberta de baunilha e notas amadeiradas. Considero Black Orchid um perfume cuja temporalidade na pele se faz presente de forma gradual e contínua, como se para entrar em cada uma de suas nuances fosse necessário seguir um caminho sem atalhos. Fatalmente, um caminho que leva a um campo de orquídeas apaixonantes.

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